O Jornal Estado de São Paulo esteve no Sitio Frutas Raras!
Quarta-feira, 16 agosto
de 2006 |
ESTADO DE SÃO PAULO AGRÍCOLA |
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Um pomar só de frutas raras
Produtor de Campina do Monte Alegre (SP) cultiva e vende mais de 500 espécies, nativas e exóticas
José Maria Tomazela
A jabuticaba, fruta de cor negro-arroxeada, de polpa suculenta e saborosa,
é uma velha conhecida e remete aos tempos de infância. Pouca gente sabe, no
entanto, que há também uma jabuticaba que dá em cipó e outra cujos frutos têm
cor branco-esverdeada e são comidos com a casca. É certo, ainda, que a pitanga
é uma frutinha muito conhecida. Mas e a pitanga-tuba, nativa da restinga,
quantos já a provaram? Tem também a acerola-de-cipó, mais doce do que a
tradicional, e o jacaratiá, um pequeno mamão da mata atlântica.
Todas essas, e muitas outras frutas brasileiras pouco conhecidas, podem ser
encontradas no pomar do Sítio Frutas Raras, em Campina do Monte Alegre, a
DE HOBBY A NEGÓCIO
Aquilo que começou como uma espécie de hobby é, hoje, um bom negócio. Ele
reproduz as plantas, forma as mudas e atende aos pedidos de todo o País. Acabou
transformando o sítio num banco genético, onde se encontram espécies que estão
em extinção. É o caso da melancia-do-cerrado, cujos frutos, muito semelhantes à
melancia comercial, não ultrapassam o tamanho de uma laranja. "O cerrado
brasileiro é pródigo em frutas, mas poucas são conhecidas e muitas estão
ameaçadas por causa do avanço das lavouras sobre esse ecossistema."
O murici-rosa, frutinha de sabor forte, também é típico do cerrado, assim como
o guamirim, que se parece com a pitanga apenas no sabor. A frutinha dá em um
arbusto. A geniparana lembra o genipapo, mas é amarela. E tem a sapota-preta,
fruta grande, com a polpa bem negra. E ainda a marmelada, diferente do marmelo,
e cuja planta lembra o abacateiro. "A fruta já é a marmelada pronta",
diz.
Muitas frutíferas são da mata atlântica e ele obteve as mudas a partir de
sementes ou galhos. O bacupari-mirim tem o fruto do tamanho de um limão galego.
Já o ingá-cipó dá frutos com até
SAPUTÁ
Muniz começou a se interessar pelas frutas raras quando se mudou da cidade de
Angatuba (SP) para o sítio, com a família, em 1995, então com 15 anos.
"Estava pescando no Rio Paranapanema quando observei uma planta com
frutinhas que lembravam pequenas laranjas." Ficou sabendo, por outros
pescadores, que a fruta, de nome saputá, era comestível. Provou os frutinhos e
gostou. "Procurei no dicionário e descobri que era uma trepadeira. Decidi
pegar sementes e fazer mudas."
Nas buscas, de barco, pelas margens do Paranapanema, ele foi descobrindo uma
infinidade de frutíferas pouco conhecidas, como vários tipos de maracujás
silvestres; pêras do campo; o guabuticuru, ou limão-do-mato; o ora-pro-nobis e
até o pequi. "O ora-pro-nobis é uma trepadeira nativa, cactácea, chamada
pelos índios de guaiapá, ou fruta que tem agulhas, pois a casca tem pequenos
espinhos." É usado como planta ornamental, mas pouca gente sabe que os
frutos são comestíveis.
Muniz foi juntando as plantas no sítio e, assim que conseguiu produzir as
primeiras mudas, escreveu para jornais e revistas e começou um intercâmbio com
outros produtores. "Comecei também a pesquisar, primeiro nos livros,
depois na internet." Hoje, ele tem uma coleção de 50 livros sobre frutas
de todo o mundo. No pomar do sítio, estão plantadas 800 mudas de 500 espécies de
frutíferas.
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