UMA NOVA ESPÉCIE A SER CATALOGADA
FAMÍLIA DAS APOCINÁCEAS
|
|
Tronco |
Tronco da base |
|
|
Fruto verde e flores |
Fruto verde e flores |
|
|
Fruto bem no meio da foto |
Fruto escondido de cor verde-azulada |
|
|
Ponteiro e folhas |
Ramo e broto |
Caule cortado
NOMENCLATURA E SIGNIFICADO: PACAPIABA é o nome indígena é mais a etimologia ou significado ainda não foi descoberto. Também recebeu o nome de MELÃO ou FRUTA DE QUATÍ pelo fato de Quatis viverem na ramada e devorarem o fruto. Por outros fatos como por exemplo o caule ter gosto e ser fibroso como cana, a planta também pode ter o nome de Cipó cana; e ainda de Fruta invisível pelo fato de estar muito alto na arvore e só poder ter sido vista com câmera fotogradica .
ORIGEM: espécie muito rara e ocasional que encontrei na floresta semidecidual de encostas pedregoso-argilosas e na beira de ribeirões. Observada apenas no ribeirão dos Barreiro no Municipio de Campina do Monte Alegre, estado de São Paulo, Brasil. Mais informações no link:
http://reflora.jbrj.gov.br/jabot/listaBrasil/ConsultaPublicaUC/BemVindoConsultaPublicaConsultar.do
HISTÓRIA DA DESCOBERTA: Era mês de inverno, meados de Junho de 2.010, época em que contratei o Bastião Mineiro para ajudar no feitio de novas covas para plantio de novas árvores frutíferas no Sitio Frutas Raras. Nessa ocasião o Bastião me contou que viu num mato uma fruta grande e semelhante ao fruto de uma paineira na beira de um ribeirão onde ele estava fazendo a limpeza e retirada de capim rabo-de-burro das pastagens. Pedi a ele para me levar no local e lá fomos nós para tentar encontrar tal fruta misteriosa. Chegamos ao matagal de manhã e Bastião me levou até a suposta arvore que de imediato identifiquei como Timbaúva (Enterolobium contortisiliquum) que não dava fruto conforme descrito. Então observei outras possibilidades e nenhuma arvore tinha tal fruto ou sinal de ter produzido. Fomos embora, mais a história da fruta ficou na minha cabeça. Voltei no local na semana seguinte, daí comecei a observar a existência de cipós que possivelmente tivesse produzido tal fruto. Daí, fotografei a copa da arvore com os cipós e depois de baixar a foto no computador pude notar a presença de fruto globoso (como forma de ovo deitado) na foto acima. A minha hipótese estava certa, era um cipó que dava fruto. Mais como coletar tal fruto a 15 m de altura? – Fizemos o seguinte: armamos bambus nas barrancas do ribeirão e colocamos uma tela para segurar o fruto quando esse caísse. Voltamos ao local varias vezes e nada do fruto cair e os frutos presentes nos cipós desapareceram. Certo dia ao chegarmos no local vimos um enorme Quati se esconder no meio do Emaranhado de cipós. Depois disso se passou + ou – 1 ano, mais não me dei por vencido...
IDENTIFICANDO: Mais que espécie era? Com as fotos em mãos e outras observações deduzi que fosse Strychnus tomentosa Espécie rara que só ocorre no estado de Minas Gerais (Eu também procuro por essa frutífera que dá frutos de até 20 cm de diâmetro), mais não era essa espécie. Depois analisar as folhas Largas pensei ser uma bignoniácea do gênero Amphitecna, mais também não era. Depois de fracassar em coletar fruto, coletamos algumas mudinhas e estacas dos cipós presentes no local em que o fruto foi visto. Passou uns 14 meses e as mudinhas deram as caras: uma era Fava de Arara, outra era uma espécie de Dolichandra ssp, outra era uma Fridericia ssp e ainda outra uma Serjania ssp. Lamentavelmente também fracassamos nesta tentativa. No ano seguinte, em fins de 2.011 fizemos uma busca cabal em toda a extensão do ribeirão, encontramos diversos cipós parecidos mais nenhum sinal da tal fruta misteriosa. Em 2.012 desistimos de procurar, e até pensei que a história do Bastião era mentira. Por fim em junho de 2.013 a cisma voltou a incomodar meus pensamentos, e daí fui ver as fotos novamente. Daí com um espírito renovado e inspirado, voltei ao local que havia mudado bastante: A arvore da Timbauva secou e alguns cipós também, incluindo o suposto cipó que tinha gosto de cana e que eu dizia ser aquele que produzia frutos. Eu precisava encontrar folhas para identificar e ao seguir rio a cima uns 10 m, encontrei outro cipó grosso e seco e ao lado um cipó fino e verde. Ao seguir a origem (de onde vinha o cipó verde) observei que vinha do mesmo local do cipó seco que tinha produzido os frutos! Consegui ver ramos e brotos e folhas que parecia ser o que procurava! Achamos ramos enraizados no chão e levamos para fazer mudas e plantar. Ao observar as folhas e gavinhas pensei que se tratava de uma cucurbitácea. Mais qual? – Depois de pesquisar fotos e descrições de todos os gêneros de Cucurbitáceas no Brasil (trabalho exaustivo que levou 15 dias), cheguei a conclusão de que poderia ser uma espécie do gênero Apodanthera. Mais para ter certeza precisaria ver flores e frutos. Entao plantei as mudas no Sitio Frutas Raras e cerca de 1 ano depois a planta floresceu e frutificou, e nada dos tais enormes frutos. A planta era uma espécie de timbó do gênero Urvillea da família das Sapindaceas, estava errado de novo! Mais um pesquisador nunca desiste, No mês de Outubro de 2.015 depois de arrancar o cipó que não era o que procurava, voltamos ao local e dessa vez encontramos o verdadeiro cipó que havia rebrotado em outro local e o Quati que nos atrapalhou a primeira vez, nos ajudou dessa vez porque ao subir na árvore pelo cipó, feriu este no tronco com as unhas que por sua vez escorreu látex. Essa dica fundamental mostrou que a planta era da família das apocináceas e com certeza aparentada com a Pacouria boliviana que também dá frutos grandes. Fomos bem sucedidos nessa expedição que encontramos outras plantas e ramos originados de cipó antigo espalhado pelo chão que estava emraizado e conseguimos fazer varias mudas e algumas já foram plantadas no Sitio Frutas Raras. AGORA A LOCALIZAÇÃO DA PLANTA DO CIPÓ FRUTIFERO FOI DESCOBERTA E É EXATA, SABEMOS AGORA QUE É UMA APOCINACEA, TALVEZ UMA NOVA ESPÉCIE PARA O BRASIL NO GENERO PACOUIRA OU NO GENERO LANDOLPHIA (que ocorre na África) OU AINDA UM NOVO GENERO E NOVA ESPÉCIE!
Características: Liana lenhosa, vigorosa, lactescente, perene, volúveis (que se enrolam) com caule grosso de 10 a 40 cm de diâmetro, com casca acanelada (com canaletas) de cor castanho acinzentado quando mais velha, e de cor cinzento oliváceo e casca lenticelada (com glândulas de trocas gasosas). O interior do caule é poroso conforme apresentado na ultima foto. Os ramos ou brotações novas são esverdeados com folhas opostas, sem gavinhas e coberto por fina lanugem (tomentoso). Os pecíolos são frágeis de cor verde e medem 1 a 3 cm de comprimento. As folhas são simples, opostas, membranáceas (delicadas e consumidas por insetos) de cor verde clara com dorso glabro (sem pelos) e de cor verde acinzentado. A lamina foliar é lanceolada (forma de lança) a ovada (forma de ovo com a parte larga na base) com nervuras primarias ascendentes que não terminam na margem. A lamina tem as medidas 5 a 12, cm de comprimento por 3 a 7,8 cm de largura. As flores são hermafroditas (com órgão masculino e feminino) em racemos (cachos) terminais de 7 a 20 cm de comprimento, contendo 5 a 30 flores de 1,3 a 1,9 cm de comprimento. As flores são formadas de cálice (involucro externo) campanulado (em forma de sino), persistente e de cor verde e corola (involucro interno) com pétalas brancas de 8 a 14 mm de comprimento. Os frutos são bagas (com muitas sementes) arredondadas com 6 a 12 cm de diâmetro aproximadamente. A casca madura, sua textura, o tipo de polpa e sementes ainda não foram vistos.
Dicas para cultivo: É trepadeira de crescimento rápido que resiste a baixas temperaturas (até - 3 graus), vegeta bem em altitudes variando de 500 a 900 m acima do nível do mar conforme minhas observações. O solo do ambiente de origem é argiloso, profundo, úmido e com pH acido; e acredito eu que a planta aprecie qualquer tipo de solo profundo, rico em matéria orgânica e que retenha boa umidade. O plantio das plantas no Sitio Frutas Raras é recente e não temos dados sobre quantos anos leva para frutificar.
Mudas: Não temos informações sobre como são suas sementes e o período de germinação e crescimento das plantas. Informo que os cipós jovens na mata enraízam facilmente e pegam bem quando transplantados para embalagens individuais aceitando bem o composto feito de 40% de terra vermelha, 40% de matéria orgânica bem curtida e 20% de areia branca de rio. As plantas formadas de estacas enraizadas soltam brotos em 30 dias após plantadas e atingem uns 50 cm após mais 30 dias, tendo crescimento muito rápido.
Plantando: Deve ser plantada em terrenos argilosos e baixios onde o solo seja mais úmido. No Sitio Frutas Raras as mudas foram plantadas num espaçamento de 5 x 5 m, onde deve ser abertas covas de 50 cm de profundidade, 40 cm de comprimento e 40 cm de largura. Os 30 cm da terra de superfície deve ser reservados e adiciona-se 500g de farinha de osso ou 300 g de calcário, mais 1 kg de cinzas e 6 a 7 pás de matéria orgânica bem curtida, misturando bem todos os componentes, deixando curtir por no mínimo 2 meses. Nesse período uma parreira deve ser construída com o uso de 6 mourões ou poste de concreto que tenham 2,20 m de comprimento. Os mesmos serão fincados numa distancia de 2,5 m de largura entre filas e 2,5 m entre mourões. As covas para se fincar os mourões devem ter 60 cm de profundidade de moto que sobre 1,60 na altura, aonde na cabeça dos mourões deve ser amarrados e pregados arames que vão tutorar os galhos trepadores. Depois que os arames das bordas e centrais forem bem fixados, deve-se fazer uma malha passando arames nº 18 a 40 cm de distancia no sentido do comprimento e largura, dando uma volta ao cruzarem entre si. Depois de pronta a parreira, chegou a hora do plantio, ocasião esta em que se deve fincar uma taquara que leve o cipó até a rede de arames. A medida que o cipó crescer esse deve ser amarado até que alcance os arames.
Cultivando: Apôs o plantio, elas crescem rápido e vários brotos ou galhos surgirão na base da planta, devendo podá-los e conduzir 2 ou no máximo 3 cipós até os arames, depois a própria planta vai ocupar toda a rede de arames. A poda de condução deve ser feita no primeiro ano de plantio, sempre eliminando os brotos ladrões que nascerem no caule principal ou aqueles que a partir dos arames estiverem crescendo para baixo em direção ao chão. A adubação é feita com 4 kg de composto orgânico bem curtido + 20 gr de N-P-K 10-10-10 nos meses de setembro a outubro, distribuído os nutrientes em coroas distanciadas à 20 cm do tronco e com 15 cm de largura e 5 cm de profundidade. Manter o pé da planta com 1 m de diâmetro de cobertura morta (capim e folhas) para manter a umidade.
Usos: Floresce nos meses de novembro a janeiro e os frutos amadurecem de junho a agosto. Os frutos são grandes e devem ter potencial comestível assim como os demais frutos das APOCINACEAS. A planta é ornamental pelo seu enorme e volumoso cipó. Deve ser cultivada para ser preservada e para aumentar a biodiversidade e o fornecimento de alimento para a fauna em geral. Pela minha prática e conhecimento, é muito provável que a planta tenha potencial para a fruticultura comercial.
Consulte-nos pelo e-mail hnjosue@ig.com.br ou veja nosso catalogo de mudas disponíveis clicando aqui. – acompanhe-nos no Facebook
Voltar para frutas do mato ou Voltar para família das Apocináceas