ACIMA PANORAMA DAS FLORES DE “INGÁ CARTUCHO” (INGA CAPITADA) ENCONTRADAS NA NASCENTE DE UM RIACHO. |
CONHEÇA AS NOVAS DESCOBERTAS EM FRUTAS NATIVAS ENCONTRADAS NAS ESPEDIÇÕES SEMANAIS QUE REALIZEI NOS ULTIMOS 7 MESES, DE JUNHO A DEZEMBRO DE 2.009. |
Leia a primeira coluna, depois a segunda coluna |
Eu vivo numa área muito rica em
remanescentes (ilhas florestais) rodeadas de pastagens ou lavouras do bioma
da floresta semidecidua e transição para o cerrado e para a mata atlântica,
que fica no sudeste do estado de SP (classificada como região E5 no sistema de
Quadrículas usado na Flora Fanerogâmica). Por isso é preciso valorizar e
conhecer o meio em que vivemos, além disso, meu trabalho visa mostrar que
muitas plantas raras subsistem nesses remanescentes que precisam ser
preservados. Nós brasileiros temos que por na mente que não é só a Amazônia
ou Mata atlântica que precisa ser preservada, mais sim todo o complexo meio
de Nossa existência!!! Com
esse objetivo em mente comecei a fazer uma busca minuciosa e precisei aguçar
minha visão e percepção para enxergar o que eu não enxergava e com muita
paciência as cortinas caíram por assim dizer e passei a encontrar muitas
raridades. Numa
quarta feira (15 de junho) fomos até um ribeirão procurar uma fruta grande
semelhante ao fruto de paineira que um trabalhador rural (roçador de pasto)
havia visto. Chegamos lá mais o fruto já havia desaparecido, só encontramos a
arvore que parece ser uma Chrysobalanaceae. Estamos aguardando o próximo
outono para ver se encontramos o fruto. Visto o lugar ser bem preservado,
começamos a observar outras espécies com mais detalhes e achamos um araticum
seco de uns Agora aguardamos a próxima safra
para fotografar e colher os frutos. Felizmente conseguimos algumas mudas que
foram levadas para o viveiro e pegaram satisfatoriamente. |
Na manhã do dia 14 de outubro,
fomos até outro remanescente e encontramos uma variedade nativa de Caviúna (esse
é um nome regional para a Cereja do Rio Grande – Eugenia involucrata) cujo
tronco é bem verde e o fruto é arredondado, infelizmente fiquei um mês
inteiro sem maquina fotográfica, pois a minha estragou, e levou algum tempo
para comprar outra, mais a escolha e o investimento valeu a pena. A partir de
novembro de 2.000 as minhas fotos são com uma Nikon P90. – estou treinando
ainda, as imagens são fantásticas. Na ultima semana de outubro,
conversei com um senhor de bastante idade que a anos atrás havia me falado de
uma Taiúva-açú a uns 4 anos antes,
cuja arvore quase nem tinha espinhos e produzia frutos grandes, maior de que Então fomos a diversos
remanescentes indicados pelo mesmo homem, onde existia tal fruta. As expedições e descobertas
continuam e as frutas podem estar em lugares improváveis, como beira de estrada
ou em cercas, é preciso estar atento e ter boa experiência para identificar
espécies na ausência de frutos, como é o caso do raro
e desconhecido Murici
cipó (Tetrapterys ssp) que salvamos do desastre. Clik no nome acima para
ver foto e saber mais. Na busca pela Taiuva-açú,
tivemos muita sorte pois, encontramos
outras raridades tal como o Cipó Abiu, cujas folhas lembram muito o Abiu ou a
Guapeva. O fruto dessa espécie é tão saboroso que só encontramos a casca da baga
oblonga de quase |
Numa outra espedição realizada numa sexta feira no fim do mês de Junho, encontramos o Chuchu do mato chamado pelos índios de Abaty (segundo Jorge Marcgrave) que trata-se da espécie Araujia sericifera antes asclepediaceae, hoje uma apocinaceae, cujos frutos são comestíveis. Clique no nome cientifico para ver foto e demais informações. Enquanto isso, os animais silvestres
vem visitar e se alimentar de frutos no meu pomar e acabam trazendo sementes
de frutas do mato. Fato este que ocorreu no inicio do mês de agosto quando
uma paca (Agouti paca)
passeou pelo pomar para comer sementes de Ticazo (Plukenetia volubilis) e acabou
deixando uma semente grande (veja foto abaixo) que identifiquei como sendo de
Cipó Castanha do gênero Omphalea da
família das Euphorbiaceae. Plantamos a única semente encontrada, mais ela
ainda não germinou.
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No mês de Novembro dia 07, fiz
outra expedição juntamente com meu amigo Baixinho que já foi citado anteriormente
e nesse dia encontramos nas matas ao arredor de Angatuba, SP mais arvores
raras como a “Cascatinha” (Thiplaris
gardneriana) que é muito ornamental, pois dá flores e frutos com 3
tépalas persistentes de cor rósea (não mostrarei foto aqui porquê o objetivo
dessa pagina é divulgar as frutas nativas).
As frutíferas encontradas são
bem interessantes, pois, a primeira delas se parece a um ovo de rolinha (Columbita minuta), o que dá a arvore um
aspecto de rara beleza em vista de tantos ovos pendurados. A fruta em questão
é a Embira-tinga (Daphonopsis brasiliensis)
da família das Thymeliaceae. A região de Angatuba, SP tem uma
grande biodiversidade de espécies vegetais e é muito importante que
fazendeiros e sitiantes da região preservem os remanescentes florestais em
sua propriedade. Não relatei aqui as tantas espécies
de epífitas tais como orquídeas (Principalmente micro-orquideas e terrestres)
além de diversas cactáceas e bromelias magníficas, as quais estão sendo
cultivadas carinhosamente por minha esposa Emilene! Uma outra descoberta interessantíssima
é uma espécie de mandioca trepadeira que produz belas flores e suas sementes
(que encontrei umas 3 já corroídas) se parecem muito com um besouro. No futuro postarei a foto dos frutos e sementes
dessa mandioca! Abaixo está a foto das flores da Mandioca de cipó (Manihot
ssp) que ainda não descobri que espécie se trata! |
Nosso trabalho ganha parceiros e novas descobertas
tanto de frutas como arvores raras ervas e cipós. Tenho um parceiro especial
na cidade de Angatuba, SP, conhecido por todos como “Baixinho” que também é
apaixonado pela flora regional. Muitas pessoas o conhecem e levam plantas
para serem identificadas. Uma dessas plantas produz um fruto estranha e
semelhante a um abacate, que identificamos como Canela Abacate, que tem uma história
misteriosa.
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As expedições continuam e é preciso ter olhos de
águia para encontrar as frutas pequenas porém interessantes e saborosas da
floresta semidecidua, como é o caso da Muiratinga ou chiclete do mato (Pseudomedia laevigata – moraceae) que
ocorre na minha região com muita raridade. Já encontramos arvoretas com
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Logo em seguida ao
atravesarmos um ribeirão estarrecido pela erosão e o pisoteio do gato,
encontramos uma arvoreta na borda da mata ciliar carregados de frutos
amarelinhos, e logo de imediato pude identifica-la como pertencente ao gênero
Casearia. Depois de fotografar,
coletar material e fazer uma pesquisa em livros e herbários, descobri que se
tratava da espécie chamada popularmente de Guaçatonga
de flor grande (Casearia grandiflora) que está na lista das espécies
ameaçadas de extinção. - - - - Outra vez saímos em na
segunda semana de novembro, saímos em busca da Taiuva açú e para chegar ao
local tivemos de passar um ribeirão largo e subir uma ribanceira até o
provável local de existência da espécie. No meio do caminho encontramos um
cipó que se parece muito com o Salta martim (Strychnos brasiliensis) e o Gurrupiá. A foto das folhas está logo abaixo, e
provavelmente seja até uma nova espécie local do gênero Zizyphus. Ainda não
encontramos flores e nem frutos. |
Eu já havia visitado varias vezes o ribeirão da
divisa do Sitio Frutas Raras e havia coletado frutos e sementes de Guanhuma (Cordia superba), mais nunca havia notado
a presença de uma arvore muito rara. Foi no fim de setembro que observei as
belas flores brancas de uma arvore que posteriormente pude identifica-la como
Pitaguará (Chionanthus filiformis),
cujo fruto azulado também é comestível. Foi nesse mesmo ribeirão que também
encontrei o Ingá cartucho (Inga
capitata) cuja foto das flores aparece no cabeçalho dessa pagina.
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Folhas da nova espécie de Zizhyphus |
No inicio do mês de outubro, eu e meu ajudante
Ilson, continuamos a visitar e observar detalhadamente os remanescentes
florestais e encontramos mais raridades como por exemplo a Guaporanga
(Marlieria tomentosa) que floresce em janeiro, uma espécie que por ser muito
parecida com uma guabiroba, nomeamos como ‘Guabirobarana’ provavelmente seja
a Casearia paranaensis que ainda
não encontramos flores e nem frutos. Uma descoberta fascinante foi a do cipó
preto ou fruta de Uru (Chiococca alba) que floresce também em janeiro e
produz frutos brancos a partir de fevereiro e março. Abaixo está a foto do ramo
e folhas. No ano que vem postarei fotos dos frutinhos brancos. -> -> -> |
Um pouco mais a frente,
adentrando pela mata, uma nova descoberta, graças ao meu conhecimento e
aprendizado consegui enxergar um outro cipó misturado na copa das arvores, de
longe o cipó parecia um pé de bucha, depois de olhar minuciosamente o chão da
floresta, encontramos alguns frutos! Que descoberta!! É a rara Abobrinha do mato (Wilbrandia hibiscoides),
clique no nome para ver foto da Cucurbitácea brasilleira. Logo a frente numa pequena
clareia ocasionada pela morte de uma arvore pioneira, encontramos um arbusto
que se parece muito com o Chal-chal (Allophylus edulis), porém, seus frutos
amadurecem no inicio do mês de dezembro, enquanto seu irmão mencionado acima
dá frutos em outubro. Depois de fotografar e comparar a amostra coletada
cheguei a conclusão da identificação, trata-se do raro Vacum (Allophylus semidentatus) recebe esse
nome devido ao terço apical da folha ter dentes. Por fim, encontramos uma grande arvore
de Taiuva-açú (Maclura brasiliensis) no final da elevação do tipo plataforma
da qual havíamos subido. Aquele lugar bem preservado nos surpreendeu com
tantas descobertas! Voltando a arvore da Taiuva-açú, de fato
ela quase não tem espinhos, suas folhas chegam a medir |
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